06 fevereiro 2007

Quando não podemos fugir ...

Eu não queria, mas não se fala de outra coisa.

O referendo de dia 11 de Fevereiro.
O assunto já foi mais que batido e “rebatido”. Para onde me vire, oiço “sim”, “não”... numa tentativa de converter convertidos. Duas semanas seguidas em que o Programa “Prós e Contras” tem uma plateia dividida, entre os acérrimos defensores da vida, ou do feto, ou do embrião, ou das células, ou lá o que é. E o outro lado, meia plateia a aplaudir todos os argumentos a favor pela liberdade de escolha, e pela capacidade que a mulher tem de decidir.

Assusta-me que em 2007, num país dito desenvolvido ainda se discuta, muitas vezes numa forma acesa e a cair na ofensa, a decisão do outro. Não estamos a falar de libertinagem, mas sim liberdade. Conceito esse tão simples, e tantas vezes violado.

Eu há 8 anos soube o que votar. Hoje a minha posição é a mesma. Nunca me debati com ninguém numa tentativa de “vender” a minha opinião. Mas também não gosto que decidam por mim. Não gosto de ser obrigada a viver com a moralidade dos outros. Cada um tem a sua consciência, e cada um tem a liberdade de viver dentro dos seus padrões morais ou religiosos. Eu tento viver de acordo com a minha consciência. E nessa consciência, em grande parte incutida em casa, numa educação que sempre se baseou pelo respeito pelo próximo e por nós mesmos, respeito o outro. Respeito quem tem uma posição diferente da minha. Aceito, e até posso concordar com muitos dos argumentos. Mas realmente é-me difícil aceitar a luta para que tudo fique na mesma. Quando o que temos é uma lei que penaliza, ofende e humilha.

Mas no meio de tanta discussão, debates, recolhas de opinião, tive o prazer de assistir à entrevista de Alexandre Quintanilha na RTP. É realmente compensador ouvir um homem esclarecido e com uma noção real do mundo em que vive. Houve este lado positivo nesta ideia descabida de um referendo. A possibilidade de aprender nas palavras de um físico que optou pela biologia.

3 Comments:

Blogger Qqc said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

06 fevereiro, 2007 15:54  
Blogger Qqc said...

Parabéns a uma mulher que se assume como tal... e que ao expressar a sua opinião pela vida, o faz por uma vida digna... No caso de maus tratos a crianças, retiram-se as crianças aos pais para que se tornem adultos válidos e dignos... No caso da adopção, o processo demora anos por que é necessário comprovar se os adoptantes podem garantir dignidade na construção do adulto...

A dignidade é menos importante que a vida no que diz respeito à
interrupção voluntária da gravidez? E a dignidade da mulher?

Acabe-se com uma discussão que já dura à demasiados anos... e que nesta consulta de opinião, o cidadão (se assim se assume) tenha uma...

06 fevereiro, 2007 15:56  
Anonymous Anónimo said...

Mais uma vez mostraste aqui a personalidade forte que tens, não tendo medo de expressar o que realmente pensas sobre as coisas...
Independentemente da opinião que eu possa ter, estamos de acordo num ponto (sem falar em muitos outros que uns aproveitam para usar tanto para o sim como para o não), vivemos numa sociedade supostamente livre, algo que alcançámos não há muito tempo, devemos expressar opiniões, falar sobre as coisas, expor argumentos, mas respeitando sempre as opiniões dos outros...elas não são menos relevantes que as minhas...e respeitar opiniões significa não cair na cretinice de tentar mudar a opinião do outro...
Uma coisa é certa, mais uma vez andamos a perder tempo a falar em vez de agir...

06 fevereiro, 2007 17:52  

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