18 maio 2007

A invasão dos cestos!

Muito se fala da Administração Pública, e sempre mal. São os funcionários que não querem, não gostam, não sabem, “não nada” relacionado com esse verbo que é "trabalhar". Em parte é verdade, mas eu posso fazer uma afirmação destas, porque eu estou vai para lá de 10 anos nos meandros da coisa. Há mais de 1 década que convivo de perto com a realidade obtusa do funcionalismo publico.

Coisa que não se quer falar, e sem sobra de dúvida a parte mais importante do problema, passa pela a falta de sentido prático dos antigos funcionários. São pessoas que já passaram, mas que continuam agarrados à manga de alpaca, e por mais que se tente simplificar o sistema, ouve-se sempre que fulano é Mestre, que a fulana não é licenciada por isso não é filha nem de mãe nem de pai, enfim ouve-se um sem número de antiguidades. Para além do sentido prático também lhes falta bom senso, respeito, sentido de gestão, qualidades essas que não são imperativas nos cargos de nomeação da AP.

Pois bem, aqui, no casebre onde me encontro, atingimos a excelência. Os que para cá vierem acham-se a salvação de todos os problemas, são eles os Messias na área da reabilitação, eles, os que todos esperávamos ansiosos e expectantes.

Em toda a sapiência e no meio de um sem número de disparates, criaram a instituição "cesto", ou "cestinho" para os mais íntimos. O “cesto”, faz o papel do Continuo. Ou seja, o Continuo existe, é pago todo o dia 20, mas foi substituído pelo "cesto". O "cesto" encontra-se no andar nobre, e pelo "cesto" passam os documentos que se dirigem aos altivos, e passam depois dos altivos para os súbitos. Em resumo, o mesmo papel passa entre 2 ou 3 vezes pelo cesto (entretanto o funcionário pago para a função está sentado a ver os cestos a encher ou a esvaziar). Mas, e há sempre um "mas", quando pensávamos que as mentes iluminadas não conseguiam nos surpreender mais com a sua magnitude, eis que criam mais um procedimento. Então, agora um papel pode chegar a passar pelo cesto uma meia dúzia de vezes até chegar ao destino. Isto porque no novo procedimento há mais alguém que é pago para alguma coisa, e que também é substituído pelo "cesto".

E o lamentável de todo isto, quando todos se levantam para criticar o mau funcionamento dos organismos públicos, todos se viram para a D. Ermelinda da 3ª repartição da finanças de A-das-botas. Ninguém se lembra que a D. Ermelinda está ali a pôr e a tirar papeis dos cestos, porque alguém nomeado e pago barbaramente para chefiar/resolver problemas, é alguém tacanho, estúpido e de motorista pago por todos os contribuintes. Infelizmente, somos obrigados a assistir a uma reforma na Administração Pública em que se resume a encostar Donas Ermelindas que só cumprem Despachos Normativos assinados a cada indisposição gástrica do Messias.

4 Comments:

Blogger Sofia said...

Os teus chefes sabem que tens um BLOG?
O Socrates sabe que tu trabalhas na Administração Publica?

19 maio, 2007 18:26  
Anonymous Anónimo said...

É melhor não entrarmos por esse caminho. Haveria por certo muito a dizer........

21 maio, 2007 12:31  
Anonymous Anónimo said...

Ó minha amiga...só por aqui se vê como "não andam" as coisas na administração pública...e depois admiram-se...ai e tal...ai e tal o caraças...

21 maio, 2007 16:39  
Blogger Qqc said...

patanisca... e queixas-te tu que eu escrevo muito... :)

25 maio, 2007 16:17  

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